quarta-feira, 16 de junho de 2010

LUIZ VICUNHA: talento e humildade na medida certa!


Luiz Vicunha é um guitarrista e “workaholic” carioca. Começou a se interessar por guitarra aos nove anos de idade, quando ganhou sua primeira guitarra de seu pai, embora só tenha despertado a vontade de aprender aos 13 anos. Quando completou 15 anos de idade, entrou para uma banda de pop rock, e em seguida para uma banda de Heavy Metal chamada DREAM HALL. Foi através do Rock/Metal que ele se encontrou musicalmente. Atualmente ele está trabalhando como free-lancer em gravações e com bandas. Em um bate-papo tranqüilo e revelador, ele me falou sobre seu projeto principal chamado MAGISTRA, o futuro lançamento de seu projeto instrumental PARAMITA, a cena carioca e muito mais. Leiam a seguir:

Luiz, conte como foi seu primeiro contato com a música. Quando você descobriu que queria ser um guitarrista?
Tudo começou, quando eu enfiei a maldita idéia na cabeça de querer ser guitarrista, aos 13 anos de idade, indo de encontro a todos os preceitos dos meus familiares (risos). Sou autodidata, aprendi vendo vídeo aulas que meus amigos me emprestavam ou que eu juntava dinheiro para comprar. Aos 16 anos, eu fiz a prova para Escola de musica Villa Lobos, passei, mas fiquei por pouco tempo devido a problemas pessoais.
Quando eu descobri que queria ser guitarrista? Na verdade não tem uma data ou uma lembrança precisa que me diga o porquê dessa escolha. Ela simplesmente apareceu, brotou, assim como minhas idéias para compor. Acredito que seja algum tipo de dom, vocação ou até mesmo carma (risos).


Quais suas principais influências, como músico e compositor?
Como músico eu gosto bastante de ‘la Besta’ Beethoven principalmente por sua historia de superação contra a surdez. Gosto também de Mozart por ser espontâneo e brincalhão, conforme relatos. Agora, quem se destacou como gênio musical para mim foi Michael Jackson, pois, além de cantar e dançar, ele fazia os arranjos das músicas também. Como compositor na linha de Heavy Metal, aprecio o trabalho de bandas com um som mais atual. Alterbridge, Sevendust, Symphony X (até a fase do álbum “V”), Steve Vai (que sempre será um mestre da criatividade para mim), Korn, Slipknot atual, e todas as outras tradicionais que vem no pacote. Mamonas Assassinas também marcaram uma boa parte da minha vida. Entretanto, quem estiver lendo isso e for verificar o som que costumo compor, vai sentir que é algo totalmente diferente.


Atualmente você faz parte da banda Prog/Heavy MAGISTRA, que surgiu através de sua parceria com o músico e amigo JC Melo quando vocês ainda faziam parte da banda DREAM HALL. Como chegaram aos músicos que completam a banda (a vocalista Mariana Elbereth e o baterista Braulio Azambuja)? Como funciona o processo de composição?
Sim, a MAGISTRA é meu trabalho principal. Eu conheço o JC quase minha vida toda. Tocamos juntos em diversas bandas desde os 16 anos e a que mais teve visibilidade foi a DREAM HALL, de Heavy Metal, que acabou por falta de maturidade dos músicos envolvidos. Éramos muito novos. Após o término da banda, comecei a mudar meu modo de composição, assim como JC, amadurecendo a idéia de recomeçar, compusemos várias músicas, sem se preocupar com rótulos como Prog/Heavy/Yellow/Red/Black Metal... O objetivo era compor e se o resultado nos agradasse, entrava em nosso repertório e pronto!
O JC conhecia a Mariana e sugeriu colocarmos uma mulher no vocal, contrabalancear o peso que está nas músicas (risos). Além de ser bela, é uma pessoa muito talentosa, de uma voz ímpar em nosso cenário. O Bráulio foi o ultimo a se unir ao time, pois precisávamos de um baterista para gravar nossa EP e por indicação da Mariana chegamos até ele, que aceitou a empreitada. Ele é um músico super requisitado aqui no RJ pelo seu talento, e tem outros projetos de ótima repercussão como Mustang, Diva e etc.
O processo de composição da banda funciona de forma tranqüila, porque todos compõem, todos têm o que acrescentar na música e cada um complementa o outro em composições. Tipo: sei compor tanto guitarra, bateria e outros instrumentos, vide o meu cd; melodia de voz, arranjo e baixo já é o JC; Mari faz a letra, voz e opina de forma ativa em tudo; Bráulio tem várias idéias de andamento musical também, opinando sempre. E assim vamos trabalhando, trabalhando...



A banda atualmente está gravando seu primeiro EP, com produção de Renato Tribuzy. Como surgiu essa parceria? Como estão as gravações e qual a previsão de lançamento?
Exato! Estamos gravando desde o ano passado nossa EP, ainda não intitulada, e temos previsão de lançamento para o final do segundo semestre de 2010 ou início de 2011. A parceria com o Renato Tribuzy surgiu de forma bem inesperada, já que gravamos um ensaio no estúdio e algumas músicas ficaram bem legais, então resolvemos arriscar. Mandamos as músicas pra ele, por intermédio da Mari que já o conhecia, e para outros produtores também. Ele gostou das músicas e fechamos a parceria com ele e sua equipe de produção. O Renato, além de ser amigo da banda, é um cara fenomenal, muito talentoso e profissional no que faz. Hoje ele é uma referência no meio musical, pois além dele produzir e empresariar, é excelente musico e compositor também.


Você também está trabalhando em seu projeto instrumental chamando PARAMITA. Qual o conceito geral? Por que um trabalho instrumental e não com uma banda completa?
Bom, o PARAMITA surgiu por acaso. Eu sempre tive vontade de fazer um trabalho no qual pudesse me superar como musico, não apenas como guitarrista, mas também como produtor e arranjador, assinando a composição de todos os instrumentos que estão no álbum. Com esta obra, eu pretendo demonstrar a musicalidade e criatividade que existe dentro de mim. O pensamento para compor esse cd é apenas dar curso a música, fazê-la fluir e deixá-la falar por si só. O álbum está bem bacana, quem estiver lendo e ouvir meu cd, tem que se preocupar em se divertir e não ver somente técnica e demais bizarrices de dar nó nos dedos. Coloco um toque de sarcasmo em determinadas músicas pela própria história delas. Por exemplo: a musica “Timmy” foi inspirada no personagem do desenho South Park, ele é muito louco e original (risos); a musica “Hell’s Farm” eu fiz a partir dos latidos incansáveis do cachorro da minha namorada, além de ser inspirada em uma fazenda maluca indo do bizarro ao horripilante; a “Cow Is Calling” retrata, nada mais nada menos, uma fase da minha vida do qual fui sugado pelo trabalho e sempre que tocava o meu telefone, era minha chefe me chamando para algum lugar, para solucionar algum problema insolucionável (muitos risos).


A faixa "God And I" (PARAMITA) foi selecionada para participar da coletânea "Rock 4 Life", da produtora americana Quickstar Productions. Como surgiu esse convite? O que essa participação representa para você?
Durante o processo de gravação da MAGISTRA em 2009 eu passei por momentos difíceis em minha vida particular. Larguei meu emprego para cuidar de meu pai que estava com câncer, e em setembro de 2009 ele veio a falecer. Ao vivenciar essa fase me inspirei e escrevi a musica “God And I” e postei em meu myspace, sem muitas pretensões. Recebi bastantes comentários e elogios pela musica, até que um dia recebi uma proposta da produtora americana Quickstar Productions, que gostou da música e me convidou a participar da coletânea internacional chamada “Rock 4 Life”. O que mais me deixou emocionado e me tornou honrado é que o dinheiro arrecadado com a venda dessa coletânea será revertido para entidades filantrópicas de combate ao Câncer.
Tudo isso me fez refletir que a luta contra essa doença é algo que tem que ser constante, não se pode parar nunca e devemos ajudar sempre. Meu pai lutou e sofreu por anos e eu e minha família também por ficarmos de mão atadas sem saber como ajudá-lo. Agora eu posso ajudar outras pessoas de histórias parecidas como do meu velho, da forma que eu sei fazer, que é compor e tocar. Até me arrepio lembrando-se dessa historia, pois parece que tudo está interligado. E atenção galera: independente de gosto musicais, todos devem ajudar quando tiver iniciativas como essa! Escutando as músicas, comprando os álbuns, promovendo também aos seus conhecidos e participando de eventos beneficentes. Não custa nada!



Como um verdadeiro “worcaholic”, você também participa da banda UNÍSSONUS. Fale-nos sobre ela.
Eu já acompanhava essa banda, como fã, há muito tempo. Rafael Rassan, o dono da banda, é um cara extremamente musical, tem um talento nato para isso e surgiu a oportunidade neste ano, com a confissão do Rassan de que sempre quis tocar comigo. O som da banda é fenomenal, é diferente de tudo o que já ouvi aqui no RJ, está sendo uma honra participar desse projeto também. A produção do cd é do próprio Rafael Rassan e já tem musicas disponíveis para serem baixadas no Orkut da banda, além do clipe que já fizeram. O cd oficial da banda será lançado ainda este ano.


A cena headbanger carioca foi muito forte nos anos 80, gerando bandas clássicas como Dorsal Atlântica, Metalmorphose, Azul Limão e Tauros, além de possuir um público que comparecia em peso aos eventos. Porém perdeu sua força a partir da década seguinte. Qual sua opinião sobre a cena nos dias de hoje? Quais as bandas que estão se destacando?
Minha opinião é a seguinte: as pessoas envelhecem e deixam de comparecer no circuito, pois estão constituindo família, estão trabalhando, estão cansadas ou simplesmente mudaram de gosto. É difícil lutar contra uma maré de ritmos seletos que predominam na rádio, mas se o Rock/Heavy tivesse vez, acho que as coisas seriam bem diferentes. Com isso, as pessoas acabam aceitando e se acomodando com essas mudanças. Eu particularmente não as culpo. Meu gosto musical já mudou bastante também. O que eu reconheço como um grande problema é que o publico não está se renovando nas proporções de antigamente. Lembro da época que eu freqüentava a casa de show Garage (zona norte do Rio), quando a rua ficava intransitável de tanta gente curtindo, brincando, se divertindo. Hoje em dia não se vê mais ninguém. Não vejo mais ninguém daquela época. Ou a galera migrou pra um vale encantado e esqueceram de me chamar ou simplesmente acabou (risos).
No RJ, existem muitas bandas crescendo e sempre existiram boas bandas, mas é difícil sobreviver nas circunstancias descrita acima e também pela falta de apoio, de investidores e de pessoas que estejam no ramo com a visão de mudar essa realidade. Posso citar a própria MAGISTRA, a UNISSONUS, a Diva, a Death Mountain, a Dark Tower, a Lacerated and Carbonized, a Afterage, a WARFX, a Painside, e varias outras bandas. Todas têm excelentes músicas, mas sem apoio.
Tiro meu chapéu para iniciativa da equipe de produtores de evento, RMW- RIO METAL WORKS, que durante o ano inteiro tem e valorizam eventos de bandas autorais.



Um evento que vêm repercutindo de forma positiva no RJ é a Metal Jam, que em 2010 chegará a sua sétima edição, sempre reunindo a nata carioca para tocar os maiores sucessos do Hard/Heavy mundial. Qual a sua opinião sobre o evento? O que ele agrega a cena carioca em sua opinião?
Eu tenho orgulho de participar desse evento! Participo desde a terceira edição e é ótimo tocar com amigos, sempre renova o espírito musical. É maravilhoso ver um evento desses que traz um grande publico, passando de mil cabeças pagantes nos locais. A meu ver, deveriam fazer mais eventos desses, correndo pelo Rio de Janeiro todo, pois o Metal Jam, apesar de se preocupar com lugares de fácil acesso, ocorre apenas uma vez ao ano e quem perder a oportunidade de assistir ou participar, vai ter que aguardar o próximo ano.
Há muitas críticas acerca do evento, por ser um evento de músicas covers. O que as pessoas não entendem é que o evento é uma confraternização entre os músicos do Rio de Janeiro, que a festa já começa nos ensaios, revela novos músicos do cenário e a interação entre bandas. É através de evento como esse que se renova a cena e fortalece a amizade entre bandas e músicos, que nos estimula a fazer o que sempre gostamos como músicos: tocar e se divertir.


A pirataria tem contribuído de forma negativa contra os artistas, não só no Brasil como no mundo. Qual sua opinião sobre downloads free?
O problema é que a população não tem noção do custo que é se produzir um álbum de forma independente. O trabalho que dá e a dedicação que é! Não é só chegar e tocar. Tem que treinar, tem que ensaiar, tem que investir em equipamento, tem que pagar o estúdio, a equipe, alugar equipamentos e etc. Só passando por isso para saber valorizar.
Entretanto, o download é uma grande forma de divulgar sua banda, pois é gratuito, o que possibilita acesso para grande número de pessoas a sua banda. A distribuição gratuita das músicas tornou o caminho para uma banda atingir seu objetivo muito mais difícil, uma vez que é raro ver uma gravadora bancando o cd de uma banda iniciante. Na grande maioria das vezes são os próprios músicos que investem uma quantia considerável de dinheiro para gravar seus primeiros trabalhos.


Nós descobrimos que você tem uma paixão desde a infância por armamentos militares, e que hoje evoluiu para o paintball. Como tudo isso começou? Ted Nugent por acaso é uma influência nesse quesito? (risos)
Pois é, desde criança eu tenho esse gosto por armamentos militares. O meu sonho é dar um tiro com uma metralhadora Ponto 50. Fiquei muito triste quando fui dispensado do exército! Foi igual ao filme “Pequena Miss Sunshine”, só que não estava fazendo voto de silêncio e nem odiava todo mundo (risos). Cheguei a participar da equipe de tiro ao alvo do clube Fluminense, na modalidade carabina de ar e participei de algumas provas com armas de fogo também. O paintball é um esporte bastante divertido e saudável, adoro jogar com meus primos, amigos e até mesmo minha namorada, mas deixo-a no meu time porque não teria coragem de acertá-la (risos).
Eu tenho o Ted Nugent apenas como influência musical, pois ele é adepto da caça esportiva. Eu não teria coragem em atirar em nenhum animal (bicho) por esporte, a não ser em caso de sobrevivência. E também não sou tão conservador como ele, se tem mexicanos no Brasil, deixa eles. Não estão me afetando em nada. (risos)



Muitos jovens estão começando seus primeiros passos na música. Através de suas experiências e conhecimentos, quais são os conselhos que você deixa para eles?
Meu primeiro conselho é para que cada um faça uma auto-análise como músico: se é isso que pretendem fazer realmente, se é disso que pretendem viver, ignorando o universo fantasioso que o cinema nos mostra, pois para ser musico é preciso ter dedicação e cabeça no lugar.
Meu segundo conselho é para que não desista, o caminho é difícil sim, mas como tudo na vida é. Até hoje, estou trilhando esse caminho.
Meu terceiro conselho é sobre álcool, drogas, e afins. Eles são bonitos somente em filmes, na vida real destrói a pessoa. Fiquem longe disso! A visão de que o musico só compõe chapado é a maior mentira que existe. Pensem comigo, se o cara está chapado, como ele vai lembrar-se do que ele compôs? Assim como, quando você está bêbado, você não vai lembrar que a mulher bonita que você beijou tinha gogó, falava grosso e tinha mão de jogador de basquete (risos). E se você se lembrar, vai querer esquecer (muitos risos).



Quais são seus planos e projetos para 2010?
Nesse primeiro semestre de 2010, eu pretendo lançar o álbum da PARAMITA e estou aguardando o lançamento da coletânea internacional “Rock 4 Life”. Para o segundo semestre do mesmo ano, temos a conclusão da EP da MAGISTRA. Estou finalizando também, junto com os integrantes da MAGISTRA, as novas músicas para compor o cd full que começará a ser gravado assim que lançarmos a nossa EP. Estou aguardando também o lançamento do CD da UNÍSSONUS. Além disso, estou em fase de composição para a demo do vocalista carioca Thiago Poblan e compondo alguns arranjos para a banda de pop rock Allende (também do Rio de Janeiro). Estou com algumas idéias para um futuro projeto New Metal com letras em português, que começarei a trabalhar assim que tiver um tempinho. Fora a participação confirmada em shows com a banda UNISSONUS, apresentação no METAL JAM 7, e shows com a MAGISTRA também.

Deixe um recado para os nossos leitores e para seus fãs.
Primeiramente, gostaria de agradecer a eles, do fundo do meu coração, pois se tenho a oportunidade de falar de meus trabalhos nessa entrevista, foi graças ao reconhecimento deles. Gostaria de dizer também que o ano de 2010 está bastante agitado e que em breve os presentearei com todos os meus trabalhos e minhas composições. E que estou disposto a trabalhar muito por mim e por eles, para nos satisfazer, nos agradar e nos entreter.
Para os leitores em geral (os quais espero que gostem dos trabalhos que estarei concretizando esse ano), que continuem acompanhando as noticias através desse portal, e que nunca deixem de apoiar o Heavy Metal nacional, pois se hoje somos alguém ou estamos começando a percorrer esse caminho é porque temos fé que vocês irão nos ajudar, e em contra partida, nós, músicos, oferecemos para você todos nossos sentimentos demonstrados através da musica.
Para a equipe deste portal de informações (editores, jornalistas, entrevistadores e etc) muito obrigado por abrir as portas e tornar essa entrevista possível. Grande abraço super especial para meu amigo Mike, que escreveu todas essas perguntas e teve um trabalhão pesquisando minha vida (risos). Adorei a comparação com Ted Nugent (muitos risos).
Grande abraço a todos!


Myspace: www.myspace.com/luizvicunha

Magistra:
Perfil Orkut: http://www.orkut.com.br/Main#Profile?uid=8990025868854505669
Comunidade: http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=90882240

Videos:
http://www.youtube.com/watch?v=SaGeeh8aDJM&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=_1tLTf5pKSM&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=d7GWa5RB-sI

Autor: Mike Oliva
Fonte: http://www.meridiametal.com/webzine/o-que-ha-de-novo/196-luiz-vicunha-talento-e-humildade-na-medida-certa

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